Brasília – Uma hora após de fazer seu primeiro discurso no Congresso, Dilma Rousseff recebeu a faixa presidencial das mãos de Lula numa cerimônia marcada por muita emoção. Dispostos lado a lado no Parlatório, Dilma, Lula, Dona Marisa, Michel Temer e sua mulher Marcela acompanharam a execução do Hino Nacional e saudaram a multidão que acompanhou a transmissão do cargo máxima da República.
"A alegria que sinto pela minha posse como presidenta se mistura com a emoção de sua despedida. Mas Lula estará conosco. Sei que a distancia do cargo nada significa para um homem de tamanha grandeza e generosidade. A tarefa de suceder o presidente lula é desafiadora. Um operário à presidência do Brasil, seu esforço, sua dedicação e seu nome estão gravados no coração do povo, o lugar mais sagrado da nossa nação", disse Dilma, ao discursar no Parlatório.
"Hoje o presidente Lula deixa o governo após 8 anos, período em que liderou as mais importantes transformações no país. A força dessas transformações permitiu que vocês, povo brasileiro, tivessem uma nova ousadia. Colocar pela primeira vez uma mulher na presidência do Brasil. Para além da minha pessoa, a valorização da mulher melhora nossa sociedade e valoriza a democracia", acrescentou.
Dilma também reforçou o compromisso com os pobres. "Cuidarei com muito carinho dos mais frágeis e mais necessitados. Governarei para todos os brasileiros e todas as brasileiras. Uma mulher, uma importante líder indiana disse um dia que não se pode trocar um aperto de mão com punhos fechados. Por isso eu digo: minhas mãos estarão abertas e estendidas para todos, desde nossos aliados de primeira hora até aqueles que não nos acompanharam nesse processo eleitoral. É com esse espírito de união que assumo hoje o governo do meu país. Não peço a ninguém que abdique de suas convicções. Buscarei apoio e respeitarei as críticas".
Multidão em Brasília
Na manhã deste sábado, quem estava na Praça dos Três Poderes ficou sob chuva e sol fortes. Nada disso, porém, tirou a empolgação de quem estava na capital federal para acompanhar a festa. Entre os presentes, apareceu até um cover de Lula. Com terno preto, uma gravata improvisada no colarinho e, claro, a barba característica do presidente, o agricultor Alcione Cunha da Rocha, de 56 anos, veio de Maués, no Amazonas, para a posse.
Ele se disse fã do presidente desde a época em que o conheceu, em 1979, na época da fundação do PT, e não há local onde não seja chamado de Lula. O apelido o deixa tão orgulhoso que p e-mail de Alcione é "lulamaues". Em Brasília, ele quer entregar uma carta a Dilma Rousseff. O documento pede aplicação de investimentos na sua cidade.
"Quero falar com Dilma para lhe entregar essa carta. Temos esperança de que ela faça um bom governo e quero saber se, com esse pedido, conseguimos melhorias na nossa cidade. Lá, mais de 90% dos eleitores votaram em Dilma", afirma Alcione que, bem-humorado, simula, em frente ao Planalto, uma despedida do presidente Lula.
Com a chegada de pessoas de todo o País na Praça dos Três Poderes, houve quem aproveitasse para faturar.
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